Segunda-feira, Junho 16, 2025
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A incoerência de Marcos Rogério: da esquerda brizolista ao bolsonarismo radical

* Por Juvenil Coelho

Em uma década, o senador Marcos Rogério (PL) protagonizou uma das trajetórias políticas mais contraditórias do cenário nacional. Saiu do PDT de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, ícones da educação, dos direitos sociais e da resistência democrática, para se tornar um dos principais defensores do bolsonarismo, hoje abrigado no PL, partido que lidera a extrema direita no país. Um salto ideológico que, mais do que estratégico, revela a natureza camaleônica de um político movido menos por convicções e mais por conveniências.

É de conhecimento geral que Marcos Rogério foi politicamente apadrinhado pelo ex-senador Acir Gurgacz (PDT). Boa parte de suas primeiras campanhas teve o aval, o apoio e a estrutura do grupo de Gurgacz, que foi determinante para alavancar sua carreira. No entanto, bastou a primeira oportunidade de projeção nacional para que Rogério ignorasse completamente suas origens políticas e rompesse com seu mentor, num gesto que cheira mais a ingratidão do que a independência.

Sua migração ideológica, contudo, não veio acompanhada de coerência. O mesmo político que outrora se beneficiou de um discurso progressista hoje vocifera contra tudo o que representa sua origem política. Adotou o discurso do radicalismo, da negação da política tradicional e do autoritarismo travestido de moralidade, tudo em nome de uma suposta fidelidade ao “mito”. Mas a história mostrou que essa aposta não lhe trouxe os resultados esperados.

Em 2022, mesmo sendo do PL e com o bolsonarismo em alta em Rondônia, Marcos Rogério foi derrotado tanto no primeiro quanto no segundo turno por Marcos Rocha (União Brasil), que soube adotar um discurso mais equilibrado, menos sectário e mais palatável ao eleitor médio. Rocha conseguiu agregar os eleitores que, embora conservadores, rejeitam os extremos. Já Rogério, com sua postura arrogante e inflexível, afastou mais do que atraiu.

Para 2026, tudo indica que ele apostará novamente suas fichas no projeto de tentar se tornar governador. Mas os ventos não sopram a seu favor. A postura intransigente, o discurso inflamado e a ausência de empatia com segmentos mais amplos da sociedade devem, mais uma vez, levá-lo à derrota. E, ao contrário de eleições anteriores, desta vez o revés pode deixá-lo sem mandato, sem palanque e sem relevância.

Marcos Rogério é o retrato de uma política personalista, que abandona princípios em nome de oportunidades. O tempo pode ser cruel com quem confunde esperteza com estratégia e lealdade com fraqueza. Afinal, como diz o velho ditado popular: “dor de barriga não dá só uma vez”, e na política, a conta sempre chega.

* Juvenil Coelho é jornalista e articulista político, com mais de 30 anos de atuação em rádios e jornais de diversos estados brasileiros.

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